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24.11.13

MANEIRAS DE FAZER ALGUÉM FELIZ

Dê um beijo.Um abraço.Um passo em sua direção.
Aproxime-se sem cerimônia.Dê um pouco de calor,do seu sentimento.
Assente-se bem perto e deixe-se ficar,algum tempo ou muito tempo.
Não conte o tempo de se dar.Aprenda a burlar a superficialidade.
Sonhe o sonho,sem duvidar.
Deixe o sorriso acontecer.Liberte um imenso sorriso.
Rasgue o preconceito.Olhe nos olhos.
Aponte um defeito,com jeito.Respeite uma lágrima.
Ouça uma história,ou muitas,com atenção.
Escreva uma carta e mande.
Irradie simplicidade,simpatia,energia!
Num toque de tres dedos,observe as "coincidências"...
Não espere ser solicitado,preste um favor.
Lembre-se de um caso.Converse sério ou fiado.Conte uma piada.
Ache graça.Ajude a resolver um problema.
Pergunte:Por que?Como vai?Que há de novo?
Que tem feito de bom?Como tem passado?
E preste atenção.
Sugira um passeio,um bom livro,um bom filme,
Ou mesmo um programa de televisão.
Diga,de vez em quando,desculpe,muito obrigado,não tem importância,
Que se há de fazer,Dá-se um jeito.
Tente,de alguma maneira.
E não se espante se a pessoa mais feliz for você!


30.8.13

Queria voltar a ser menina

Queria voltar a ser criança
irrequieta...traquina...mas doce menina.
Minha mãe,sempre me pondo na  "linha"
       Dizia:
-minha filha...de tão curiosa
ainda me deixas furiosa.
Eu marota...sorria...
E por outro lado,
junto com meu irmão...corria.
Sonhava já ser crescida...
andar de salto alto...
tal tia minha...
para mim uma rainha!
Que saudades desses tempos...
das "brigas "com meu irmão...
das diabruras de então...
Do carinho de meus pais,
mesmo quando fazia asneira demais!
           (Fátima Rodrigues)

          

3.5.13

PARA SEMPRE



 Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.


Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
(Carlos Drummond de Andrade)

Tem dia em que eu acordo e, de verdade, pouco importam as minhas dificuldades, sejam elas até já desgastadas pelo tempo, sejam elas viçosas, recentemente inauguradas, tudo me parece perfeito. Tudo é como pode ser agora, eu estou onde consigo estar, o tempo das coisas é o tempo das coisas, e isso vale também para cada pessoa que compartilha a sala de aula comigo.

Tem dia em que eu acordo e faço contato com uma gentileza tão linda que desconhece essa história de acertos e erros, sejam meus ou alheios, viver é trabalhoso e todo mundo se atrapalha, de um jeito ou de outros. Toda gente só precisa de consciência, cura e amor. Toda gente só quer ser feliz. Não há motivo para pressa e também não há estagnação, eu permito que a vida possa simplesmente fluir, sem tentar, em vão, amarrar ou alterar o jeito de dizer das suas ondas.

Este sentimento pode durar poucos quarteirões do dia, um monte deles, até mesmo só alguns centímetros de passo, enquanto dura é absoluto. E eu me sinto feliz e grata por tudo, vejo amor, mestria, chance de aprendizado, em cada ínfima coisa que me acontece. Ainda que chova, e às vezes chove muito, a memória da ternura luminosa e imutável do sol faz eu lembrar da natureza preciosa da vida. O sol não vai a lugar nenhum, ele fica exatamente onde está, mas a nuvem, a chuva, sempre passam.

Tem dia em que eu acordo lindeza e coloco bobagem pra dormir porque a nítida prioridade é a harmonia do meu coração, o contentamento natural capaz de me nutrir, proteger e me ajudar a seguir. Este sentimento pode durar poucos quarteirões do dia, um monte deles, até mesmo só alguns centímetros de passo, enquanto dura é lembrança da realidade divina perene que é sol por trás da temporária nuvem, da temporária chuva, que possam molhar os olhos da personagem. Enquanto dura é alegria e descanso e eu lembro do que, de verdade, me importa.


                            (Ana Jácomo)